Tradição e Ruptura – José Ernesto Bologna

Enfim ou em vão,

Adolescer, sim,

É dizer não.

Ciclo real, ato absorto,

Esta infância do futuro,

A vida num muro de vidro,

Bem ou mal, reto no torto,

recados mortos – em recatos ressurgidos –

Eis um sábio ainda sem língua,

Um adulto sem ouvidos.

A adolescência é uma espinha – duplo emblema –

que o próprio tempo erige, esmpreme ou fura?

Sem cura o eterno dilema:

Um familiar anônimo, todo antônimo,

a buscar-se em atônito sinômino.

Na adolescência, a ciência da infância ‘inda perdura

Sob nova aparência, uma velha postura:

Crescer sempre foi desobediência!

Todo avanço é ruptura!

O que seria dos ovos sem os pêlos?

Como seria o horizonte sem as dunas?

Quem seria Dalila,

sem tesouras nem cabelos?

Quem seria Sansão, sem as colunas?

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